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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Entrevista Professor/Pesquisador

Antonio Virgilio Bittencourt Bastos Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A

Graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (1976), mestrado em Educação pela Universidade Federal da Bahia (1982) e doutorado em Psicologia pela Universidade de Brasília (1994), com concentração em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Atualmente é professor titular de Psicologia Social das Organizações, no Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Bahia. Foi membro de presidente do Conselho Federal de Psicologia (1986). Atuou como membro da comissão de especialistas em ensino de Psicologia do MEC/SESu (1994-2000). Foi membro do CA de Psicologia do CNPq. Atualmente é membro da Comissão de Psicologia do INEP e da comissão de área da Psicologia na CAPES. Pesquisador I-A do CNPq atuando principalmente em temas da área de Comportamento Organizacional, a exemplo de: comprometimento no trabalho, mudanças organizacionais, significado do trabalhar, cognições organizacionais, mapas cognitivos, redes sociais em contextos organizacionais.(Texto informado pelo autor)

I. Entrevista concedida à Coordenação de Pesquisa, na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFBA em 27 de abril de 2009.

1. Professor Virgílio, o que despertou seu interesse pela Psicologia e pela Pesquisa?
Minha escolha pela Psicologia não se deu de forma muito diferente do que acontecia naquela época (1971), algo que, em linhas gerais, ainda continua sendo o padrão dominante daqueles que buscam este campo. A imagem social da Psicologia é extremamente limitada e fortemente associada à atividade clínica, psicoterápica, que nunca me atraiu de fato. Apesar de todas as mudanças e ampliações que ocorreram ao longo das últimas décadas, ainda há uma imagem forte que termina guiando a escolha pela Psicologia.
Naquela época, isto era ainda mais difícil por ser um curso muito novo entre nós, ainda sem nenhum profissional formado. A imagem social era pouco clara e compartilhada. Minha escolha se deu muito mais em função da exclusão de alternativas dentro de um campo limitado por ter feito o curso clássico, no Colégio Antonio Vieira, e ter me dirigido para o vestibular da área de Humanas. Terminei ficando entre Administração e Psicologia. Depois de formado não é que vim a me dedicar à Psicologia Organizacional e do Trabalho? E, hoje, sou professor do Instituto de Psicologia, mas atuo há mais de vinte anos no Programa de Pós-Graduação em Administração.
Outro elemento importante é que, talvez ate inconscientemente, eu já sabia que seria professor e pesquisador. O campo profissional propriamente dito nunca exerceu um maior fascínio sobre mim e não foi decisivo para a escolha da área.

2. Professor, o Senhor é bastante reconhecido por seu trabalho de pesquisa envolvendo técnicas e métodos quantitativos. Essa é uma vocação comum entre os psicólogos? De onde vem então essa sua competência?
Predominantemente utilizo estratégias de mensuração e análise que são quantitativos. Mas tenho em relação a estas questões metodológicas uma postura bastante pragmática. Tais decisões devem ser tomadas em função das nossas questões de estudo. Neste sentido, também tenho utilizado estratégias qualitativas e, não é raro o interesse em confrontar diferentes estratégias para estudar um mesmo fenômeno.Ainda assim, se olharmos a minha produção como um todo, há um predomínio de estudos quantitativos. Mas, os últimos dez anos, compatível com uma abordagem mais construcionista e cognitivista para os fenômenos psicossociais em contextos organizacionais e de trabalho, levaram-me a combinar estas diferentes estratégias.
O estereótipo da psicologia é que ela lida com um mundo de subjetividade, impossível de ser apreendido a partir de abordagens quantitativas. Isto não corresponde efetivamente ao padrão dominante da pesquisa em psicologia, sobretudo a internacional, em que predominam abordagens quantitativas muito sofisticadas. No meu campo específico, a Psicologia Organizacional e do Trabalho, o domínio desta abordagem é muito forte. Mas ela não se restringe a esta área. Outras áreas da Psicologia apresentam o mesmo perfil metodológico de investigação. No entanto, a Psicologia é um espaço de grande dispersão e interfaces. Há fortes vertentes e campos em que abordagens qualitativas predominam.
Desde o meu mestrado, voltei-me para o estudo de métodos quantitativos. A dissertação envolveu construção e validação de instrumento. No doutorado já utilizei abordagens quantitativas e qualitativas. Mas também lá tive um razoável treinamento em estatística aplicada à Psicologia.
No entanto, a minha história de professor de metodologia me faz um interessado em questões metodológicas. Creio que este é um domínio importante para pesquisa e estudos, pois método não pode ser visto como uma camisa de força a sufocar a criatividade e os desafios postos pelos problemas. Sou um defensor do rigor metodológico que, para mim, não pode ser tomado como sinônimo de uso de estratégias quantitativas.

3. Qual foi o trabalho de pesquisa mais desafiador que o Senhor já conduziu?
Creio que o maior desafio que enfrentei como pesquisador envolveu o redirecionamento das minhas pesquisas nos últimos seis anos. Até então vinha trabalhando predominantemente sobre os vínculos do trabalhador com o seu trabalho, carreira, organização. Os estudos eram sempre conduzidos em grandes empresas, com sólidas políticas de gestão de pessoas, do segmento industrial ou de serviços. E, em menor proporção, no setor público. Há sete anos, nos movemos para estudar o trabalhador da agroindústria. Ao longo destes anos temos investigados nossos temas clássicos em empresas de fruticultura irrigada do Pólo de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), entrando em contato com uma população de trabalhadores rurais que experimentam uma profunda alteração na sua inserção produtiva, sob condições muito adversas em termos de políticas de gestão de pessoas. Tratou-se de uma mudança muito significativa que implicou na revisão de nossos instrumentos, dos nossos procedimentos de coleta de dados, nos impondo um aprendizado muito importante. Esta mudança, no entanto, foi de grande impacto para a linha de pesquisa que desenvolvo. A partir do contato com este tipo de trabalhador, nas condições em que vivem e em que trabalham, estamos empreendendo uma revisão muito importante dos nossos estudos, refinando nossos conceitos básicos, desenvolvendo novos conceitos.
Ou seja, uma decisão que foi pautada pela necessidade de incluir um segmento de trabalhadores para o qual a Psicologia do Trabalho tem dado pouca ou nenhuma atenção, teve desdobramentos não planejados. O desafio metodológico nos levou a questões conceituais que estão implicando em revisões importantes no meu campo de estudo sobre o vínculo de comprometimento no trabalho.

4. Dentre as suas publicações, quais são as que o Senhor julga como mais importantes?
Eu creio que as publicações que terão maior impacto serão estas próximas, decorrentes deste esforço teórico e metodológico que estamos empreendendo neste momento, junto a orientandos de mestrado e doutorado.
No passado, tenho um artigo publicado na RAE, em 1992 que se tornou uma referência importante para quem estuda comprometimento no trabalho. Os artigos gerados por minha tese também foram bastante inovadores no campo específico, ao estudar como as pessoas articulam diferentes vínculos com o seu trabalho. Até então, mesmo na literatura internacional, este desafio de se estudar múltiplos compromissos estava posto, mas sem estudos empíricos desenvolvidos.

5. Então, o que o Senhor sugere a um jovem pesquisador para buscar o sucesso em sua área?
Hoje o jovem estudante interessado em pesquisa já encontra um ambiente muito mais propício para desenvolver habilidades e competências científicas, produto de políticas públicas que vêm sendo implementadas há algumas décadas. É uma realidade muito diferente do meu tempo de estudante, quando pesquisa era algo raro, fruto de um trabalho individual, sem suporte institucional. Hoje, mesmo na Psicologia, já temos formado uma geração de alunos voltados para uma carreira científica.
Creio que os programas de iniciação científica são fundamentais, mesmo que nem todos os alunos que por eles passam venham a se dedicar efetivamente à pesquisa. Hoje o aluno já pode terminar a graduação e seguir seu processo de formação em um mestrado na área e, em seguida, um doutorado. São conquistas recentes que mostram o amadurecimento das condições institucionais para a pesquisa entre nós.
O ambiente do grupo de pesquisa é, de fato, a célula básica para o trabalho da ciência e, por extensão, o contexto de aprendizado por excelência para os alunos vocacionados para esta atividade. Hoje a ciência se faz em redes cada vez mais complexas que requerem o empenho colaborativo de grupos de pesquisas de diferentes instituições, nacionais e internacionais. O bolsista de IC, hoje, já se insere nesta rede ampla, já dialoga com colegas e professores de diferentes partes do país e do exterior, já publica junto com professores, já participa de eventos científicos. Evidente que há dificuldades, os recursos são finitos, as necessidades e demandas são sempre maiores, mas vejo que este é o caminho natural para que o aluno passe a se sentir membro de uma comunidade científica. Neste processo ele não só aprende técnicas e manejo de instrumentos de pesquisa. Ele aprende a ser pesquisador, o que significa internalizar normas e valores que são fundamentais ao funcionamento destas comunidades.

6. Como o Senhor vê a atividade de pesquisa e sua evolução na academia brasileira da sua área ao longo dos anos?
A Psicologia não pode ser comparada a áreas hard das ciências exatas, biológicas e da saúde. É um campo mais novo e com um desenvolvimento mais recente. Trata-se, também, de um campo com grande diversidade interna, com interfaces com inúmeros outros domínios e, portanto, com padrões de produção científica que ora se aproximam das ciências biológicas, ora das ciências sociais aplicadas, ora das ciências da saúde e, mesmo, da filosofia e das artes. É, portanto, um campo com características muito singulares e que exige políticas específicas para o seu crescimento.
Como campo de formação pós-graduada, a Psicologia tem crescido bastante nos últimos anos. Na última avaliação trienal éramos 53 programas de pós-graduação no país. Hoje já somos 65 e podemos terminar o triênio com 72. Este crescimento não eliminou a grande desigualdade regional, com a excessiva concentração de cursos no sudeste, especialmente São Paulo. Há um conjunto de cursos de excelência que tornam praticamente desnecessário o envio de alunos para doutorados plenos no exterior. Temos, portanto, uma boa cobertura das diversas subáreas que integram o campo, apesar de alguns desequilíbrios visíveis.
Como campo científico, a Psicologia também tem revelado crescente vigor, com a ampliação dos grupos de pesquisa, a constituição de inúmeras redes, o aumento dos indicadores de produção, o aumento do número de bolsistas de produtividade do CNPq. Trata-se de um domínio em que já há subáreas com bom índice de internacionalização, o que não é, contudo, o padrão de toda a área.
Na academia, a Psicologia vivencia, ainda, a tensão entre uma formação profissional, muitas vezes tecnicista e dirigida para um foco de problema, e uma formação científica. Esta polaridade nem sempre é bem equacionada pelos currículos de formação. Aqui estou me reportando às instituições públicas e algumas confessionais em que a pesquisa já se encontra inserida. O maior problema da área, contudo, é que a grande maioria dos profissionais formados é egressa das instituições particulares que, regra geral, não desenvolve a pesquisa como uma dimensão básica da formação, mesmo do profissional em psicologia. Este é um quadro que precisa mudar com urgência, não apenas para fortalecer a comunidade científica da Psicologia, mas, sobretudo, para assegurar uma formação de maior qualidade ao psicólogo que lidará com as demandas da sociedade.

7. Professor, como a UFBA, na sua percepção, pode melhorar seu desempenho na atividade de pesquisa em sua área?
Creio que a Psicologia na UFBA já dispõe dos dispositivos fundamentais para incrementar e solidificar a sua atividade de pesquisa. Já conta com um Programa de Pós-Graduação, com mestrado e doutorado Stricto Sensu, o que significa o adensamento de um grupo de professores e pesquisadores, com uma produção científica razoável. Recentemente foi criado o Instituto de Psicologia, uma unidade acadêmica que deverá gerenciar os rumos da área com mais autonomia e condições institucionais. É, portanto, uma condição bastante diferenciada da vivida até final de 2008, quando éramos um dos sete departamentos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Já contamos, também, com docentes pesquisadores que lideram ou participam de grupos de pesquisas conectados com importantes redes científicas no país e internacionalmente.
Os esforços para criar estas condições foram muitos, pois temos a tradição de um curso fortemente voltado para a clínica psicológica e que, ao longo de muitos anos, não cultivou uma mentalidade de apoio à atividade de pesquisa. Uma mudança importante de cultura se revela, por exemplo, nas diretrizes que estão sendo observadas nos novos concursos. Estamos buscando incorporar jovens professores com potencial de pesquisa que permita, em pouco tempo, o ingresso na pós-graduação.
Há, no entanto, inúmeros desafios pela frente. Difícil resumi-los aqui, daí destacar apenas aqueles que consideram os mais sérios:
O Instituto é, ainda, uma unidade que existe sem as condições mínimas fundamentais para todas as suas atividades. Está funcionando de forma extremamente precária em espaços da própria FFCH, apesar do crescimento que experimentou recentemente com a incorporação do curso de Serviço Social. Falta-lhe praticamente tudo e conseguir instalações adequadas é o grande desafio para a Psicologia nos próximos anos. Diga-se de passagem, estamos saindo de uma unidade (FFCH) que, reconhecidamente, oferece as mais precárias condições de trabalho para o docente. Raros são os professores pesquisadores que dispõem, por exemplo, de um gabinete de trabalho na Universidade.
O Programa de Pós-Graduação tem o grande desafio de sair do patamar de curso 4 para 5, o que requer políticas e ações claramente orientadas pelas diretrizes de avaliação da área. Temos sinais positivos de consolidação da pesquisa, mas vamos passar por um processo de renovação que sempre é difícil para os programas. Acredito que realizamos um trabalho muito sério de formação de mestres e doutores, trabalho que tem um impacto social de grande relevância, por sermos a única instituição a oferecer esta formação pós-graduada na Bahia, em um contexto de expansão quase descontrolada dos cursos de graduação em Psicologia.
No plano mais geral, apesar dos indicadores positivos que vão se acumulando nos últimos anos (crescimento da pós-graduação e dos indicadores de produtividade científica), penso que a UFBA tem ainda um enorme caminho a percorrer para que a pesquisa seja a sua atividade central, razão que a diferencia de outros tipos de instituições de ensino superior (embora esta diferença seja muito clara quando tomamos a realidade estadual, ela ainda é mais frágil quando nos comparamos com outras instituições federais do nosso porte). Ainda convivemos com uma cultura que toma a formação de graduação como nossa missão central, sendo a pesquisa e extensão algo periférico (os discursos não afirmam isto, efetivamente). A pesquisa (e, em certa medida, a extensão) ainda são produtos de interesses e vocação individuais. Os grupos de pesquisa, especialmente aqueles que crescem e possuem condições de captar projetos, ainda são vistos com alguma desconfiança e como merecedores de controle e não de autonomia. Falta, especialmente, aquilo que outros centros efetivamente reconhecidos como de excelência no campo da produção científica, já conseguiram – estruturas adequadas para as atividades de pesquisa e extensão, sem subordiná-las a estruturas concebidas e direcionadas para a gestão do ensino. O fazer científico possui especificidades que requerem estes espaços institucionais próprios.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Psicoterapia

Este site é do psicólogo clínico e pesquisador Artur Scarpato. No site ele colocou artigos e pesquisas baseados nos estudos e esperiência que tem em clínica.

Os artigos podem ser lidos por formados e estudantes, leigos e ambos. Ele é mais focado na Síndrome do pânico, mas fala sobre outros problemas. Tem uma área que mostra e fala sobre psicoterapia; o que é e tira dúvidas.

Se você explorara o site vai encontrar outros artigos do pisicólogo e dica de livros.
O site é muito bom e merece uma atenção.